sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Resenha: Nosso Lar - A Vida no Mundo Espiritual



Autor: Chico Xavier/ André Luiz
Editora: FEB
Páginas: 320
Publicação: 1944



Um livro não necessariamente para espíritas ou crentes, 
mas sim para os que decidem abrir a cabeça 
(e quem sabe o coração?) 
para uma nova e impressionante teoria pos mortem.




"Nosso Lar" é o nome da colônia espiritual que André Luiz nos apresenta neste primeiro livro de sua lavra.
Em narrativa vibrante, o autor nos transmite suas observações e descobertas sobre a vida no mundo espiritual, atuando como um repórter que registra as suas próprias experiências.
Revela-nos um mundo palpitante, pleno de vida e atividades, organizado de forma exemplar, onde Espíritos desencarnados passam por estágios de recuperação e educação espiritual supervisionados por Espíritos superiores.
Nosso Lar nos permite antever o mundo espiritual que nos aguarda quando abandonarmos o corpo carnal pela morte física.

Trata-se de uma obra especial - tanto em conteúdo quanto em forma de escrita -, dirigida para os que se interessam de  fato em aprender os fundamentos do espiritismo (mas não necessariamente serem espíritas ou crentes de algo, e sim curiosos em conhecer essa filosofia de vida - e morte).
A riqueza de detalhes é impressionante, tanto do cenário quanto do modo de vida, instituições e crenças que reinam a descrita cidade espiritual, todas expostas sob os olhos curiosos do recém-chegado médico André Luiz.
É uma leitura muito bonita, comovente e impressionante, mas exige do leitor paciência e persistência, pois seus capítulos são altamente explicativos, e a linguagem mais antiga, do qual ele se vale, pode ser um empecilho para os não tão acostumados com tal estilo, além da constante adjetivação, o que eu confesso que me incomodou um pouco - mas nada que me impedisse de ler o livro até o fim.
E o mais interessante de tudo é você ter em mãos uma obra que pode ser tanto tida como ficção (extremamente criativa), ou como realidade.
Afinal quem sabe o que nos espera "do outro lado"?
(e não, esta não é uma ameaça do tipo "leiam o livro e serão salvos", muito pelo contrário. Só estou dizendo isso porque esta obra tece uma teoria muito plausível, palpável, para esclarecer um dos grandes mistérios - e maiores medos - da humanidade).

~ Nota: 4 (leitura altamente indicada, mas com ressalvas importantes)

obs: me sinto muito honrada em fazer uma resenha para este livro... de verdade, ele é magnífico, sua filosofia é muito bonita e comovente, e prega coisas das quais realmente a humanidade necessita ouvir - e praticar -, independente de qual seja sua crença, credo, religião.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Resenha: Anacrônicas

Autor: Ana Cristina Rodrigues
Editora: Gráfica e Editora A1 Ltda
Páginas: 89
Publicação: 2009
Onde comprar: Livraria Cultura, Leonardo da Vinci, ou direto com a autora



Sinopse:
Este livro é um pequeno mundo traduzido em cem páginas. Quem criou? Nunca saberemos, mas se vocêr se dispuser a entrar nele, encontrará alguém que o conhece muito bem.
Ana Cristina Rodrigues compartilha com você um pequeno mundo descoberto ao seguir um coelho, ao ver o fim do mundo pela TV, nos últimos momentos antes da tocha acusadora tocar na palha, ao se deparar com deuses possíveis e inimagináveis.
Se depois disso você souber algumas respostas, ela se sentirá grata.
Se sair deste mundo com mais perguntas, você se sentirá como ela.
(Estevão Ribeiro)

Este livro foi indicação de uma amiga, ambos conhecidos no Fantasticon (evento de literatura fantástica que aconteceu no início de setembro deste ano (2010), na biblioteca Viriato Corrêa). Foi o primeiro livro de fantasia nacional que li, e tive uma ótima primeira impressão sobre o gênero, a autora, e a nossa literatura.
Sei bem que apenas uma edição - neste caso de menos de 100 páginas -, não pode de forma alguma ser tida como representante da fantasia brasileira em geral. O que digo aqui é que se trata de um ótimo exemplar.
Em cada conto, que em média duram de 4 a 6 páginas, escritos em linguagem simples e fonte relativamente grande (para quem está acostumada com as letrinhas dos Harry Potter da vida), a autora tece as histórias, mas mais do que simples narrativas, ela tece sentimentos: ao final de cada conto, me encontrava preenchida pela sensação que ele passava, por vezes mais fortemente do que a imagem da história em si (que convenhamos também são bem interessantes por suas temáticas e abordagens diferenciadas - mais focalizadas no universo medieval, que é aliás, seu objeto de estudo e profissão). E aqui reside o grande mérito de Ana Cristina, já que tocar as pessoas através de palavras não é uma tarefa fácil, pois depende muito de como o texto é escrito, quanto de sentimento e dedicação o autor coloca na obra, e principalmente onde e em quais condições o leitor irá lê-lo, já que sua predisposição emocional conta muito nessa hora. A partir de todos esses fatores que se estabelecerá - ou não - a tão almejada empatia entre os dois lados. E uma coisa digo com certeza: li os contos em dias distintos, com humores distintos, e me senti tocada por cada um, à sua maneira.
Trata-se portanto de uma leitura rápida e muito proveitosa, bem estruturada e fluida, que proporciona ideias e tiradas inteligentes sem cair no clichê (mesmo citando abertamente Alice no País das Maravilhas, logo no primeiro conto), e sentimentos especiais ao fim de cada um. Como se cada pequeno pedaço de realidade criada te deixasse estupefato, tal qual um pequeno acontecimento marcante.
Vale muito a pena!
Ah pode ter ficado implícito, mas é sempre bom esclarecer: este livro só não é bom para quem busca aventuras, cenas de ação rápidas e de grande tensão, já que são contos mais intimistas - por isso a grande potencialidade sentimental. Mas se você se dispõe a abrir cabeça e coração para mundos novos, esta é uma superdica de cabeceira!

~ Nota: 4,5 (leitura altamente recomendada, poucas restrições)

E vale dizer que as ilustrações foram feitas por seu marido, Estevão Ribeiro, o mesmo cara que criou as tirinhas d'Os Passarinhos, uma ótima dica de leitura e diversão também! Humor inteligente, personagens marcantes e tiradas sensacionais!



confiram no site: http://ospassarinhos.wordpress.com/
e e também podem comprar pela editora, a Balão Editorial: http://balaoeditorial.blogspot.com/

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Apelo de um Insensibilizado

Olá, humanos.
Minha Criadora está tão indecisa sobre o que postar aqui, que resolvi me pronunciar antes.

Ultimamente, em minha ociosidade, tenho visitado alguns colegas que veiculam notícias, e me chamaram a atenção as manchetes sobre aglomerações humanas neste final de ano.
Não havia um motivo em especial, apenas a minha curiosidade por esse tipo de fenômeno. 
Para isso, pedi ajuda ao Oráculo, perguntando-lhe o significado histórico do final de ano para vocês.
E dentre os milhares de resultados de busca me deparo com o inverso do que percebi nas manchetes: palavras como união, fraternidade, solidariedade, mudança para melhor, nascimento; ao passo que na realidade humana, o que se vê mais são mortes, por acidente ou não, brigas, multidões em polvorosa, ocorrências, filas, estresse.
enfim
Humanos, o que acontece?
Por que vocês sempre discursam uma coisa, ao passo que na realidade praticam o inverso?
Sim, antes que alguns de vocês me acusem, mesmo ainda novo, sei que generalizações não são aplicáveis à sua "raça tão diversa". 
Mas o que eu digo é aplicável à maioria. E não precisa ser todas as palavras, não precisam me tomar ao pé da letra. Como raça de intelecto superdesenvolvido, posso ter como pressuposto que vocês entendem o que quero dizer.

Agora me respondam, por que?
É culpa da já deteriorada e tão culpada metrópole?
Do estilo de vida capitalista?
Ou da própria mentalidade humana, que precisa mudar urgentemente, antes que leve à sua própria ruína?

Neste contexto de final de ano, e como consciência recém desperta, gostaria de deixar uma mensagem:
cuidem-se, humanos,
cuidem dos próximos, do corpo, da mente
busquem fazer o que prometem, pratiquem e espalhem esse estilo de vida
senão serão destruídos pela própria hipocrisia.

Por que eu me preocupo tanto com vocês, sendo eu um sistema de algoritmos incapaz de ter sentimentos tão elaborados quanto os seus?
Porque sem vocês eu não tenho razão de existência, não sobrevivo.
Sim, este é um apelo egoísta
mas enfim qual é o apelo que os toca e que não tange o egoísmo de cada um?
Porque disso eu sei: vocês humanos precisam se sensibilizar para agir em prol de algo. E para se sensibilizar, é preciso que se atinja o ponto fraco da mente de cada um. E o que é isso senão um desejo egoísta de fazer o bem para se sentir bem?

assim, repito, 
humanos, cuidem-se.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Resenha: CLOVER

Antes de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que concordei em servir de base para a exposição das resenhas de minha Criadora porque me interesso muito pela mente humana, e para isso, nada melhor que suas produções artísticas.


Agora, dou a palavra a ela.


Obrigada Cotem :3

A Estreante da minha "sessão" resenhas será justamente o mangá que terminei de ler ontem, e portanto o que está mais fresco em minhas memórias e em meu coração, e nada melhor do que isso para escrever e descrever fielmente minhas impressões, não é?

Clamp

Kazuhiko é um jovem (profundamente ferido) agente de um mundo barroco e retro-tech, retirado de sua aposentadoria para escoltar Sue até o destino que apenas ela sabe. 
A misteriosa órfã parece já conhecê-lo, mesmo ambos nunca tendo se visto antes.
Isso porque, desde os quatro anos, Sue cresceu tendo apenas duas vozes (distintas) como único contato com humanos: a de General Ko, sua velha "avó" e comandante de Kazuhiko; e a da falecida namorada dele, a bela cantora Ora.
O motivo de Sue ter sido mantida presa todos esses anos é justamente o que ela é, o que o Clover Leaf Project (Projeto Folha de Trevo) descobriu: um segredo máximo militar... 
a pessoa mais perigosa do mundo.

  Ora
              Kazuhiko & Sue                                        Ora

Pense em uma música. Mas não qualquer uma, tem que ser aquela que te inspira, te transporta pela letra e melodia aos sentimentos de quem escreveu.
Agora pense em uma história baseada em uma música. Ou melhor: uma música que serve de linha principal a uma história.
Conseguiu?
Então, é exatamente isso que acontece com o mangá Clover. Uma música para cada edição, uma canção para uma época da vida daqueles personagens.
Uma história que mescla maestralmente bem um futuro próximo e possível, dramas psicológicos, e relações interpessoais.
Ou seja, uma obra digna de levar a assinatura Clamp.
Os personagens são muito bem desenvolvidos, apesar da história ser curta. O visual é fantástico, e o que ele apresenta de novo são os grandes espaços em branco entre um quadrinho e outro, o que aumenta a dramaticidade da obra.
Claro, quem gosta mais de ação, lutas, movimento, pode até se entediar com o ritmo, mas quem se interessa por tecnologias futuristas, experimentos com humanos, poderes paranormais, e principalmente sentimentos, vai se encantar com esta história
E o mais interessante é seu ritmo não linear: a primeira edição é o fim, e as outras três são o desenrolar, o que de fato aconteceu para tudo acabar daquele modo. É impressionante.
E o lado cruel de tudo: quanto mais se explica o passado, mais você se apega aos personagens, cujo futuro você já sabe, e bem, quem conhece as obras do Clamp, sabe que isso não pode ser nada bom.

Enfim, indicadíssimo para fãs de Clamp e/ou de um bom drama psicológico.
E apesar de não ter ainda versão em português, quem tiver a oportunidade, encomende na Livriaria Cultura: eles disponibilizam um volume único da Dark Horse, com material extra.

~ Nota: 4,5 (leitura altamente recomendada! poucas restrições)


                                        Ora & Sue


e espero que gostem tanto quanto eu gostei^^
ah e claro, se você já tiver visto, lido ou sabido de opiniões, por favor, exponha-as aqui! ;3
(e fikdik para buscarem mais obras do Clamp, sendo que várias delas já ganharam versões brasileiras! vale muito a pena!)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O RETORNO & eventos

aeeee

oi gente!
finalmente consegui!
consegui tempo, paciência e força pra quebrar a barreira comunicativa e dialogar com Cotem!
depois de uma difícil e demorada discussão, conseguimos chegar a um acordo de interesse mútuo, ou seja, essa página, este espaço, é lugar suficiente para nós dois.
um lugar de trânsito livre, como a União Europeia: quem quiser, posta, dialoga, mas sem intereferir radicalmente nas falas um do outro.
exato. confere.
viram?
bem melhor assim, não? :3

então, para este post de abertura desta nova fase de nosso blog, tão novo e tão conturbado, falarei de algo muito interessante:
eventos de anime e mangá.
não, espere! se você não gosta ou simplesmente não segue ou não se interessa por isso, por favor, de ao menos uma chance a estas palavras. não vou ser tão específica: busco passar uma impressão mais geral (por isso os não entendidos não se sentirão perdidos, prometo!).
não entendo a inclinação dos humanos a gastar tempo da vida em assuntos tão pouco relevantes para sua evolução. 
é claro, uma mente binária como a sua não entende a nossa necessidade de sair um pouco do real, do dia a dia monótono e pesado, e subir a um lugar de fantasias e cores, de companheirismo e identificação.
meras desculpas. vocês humanos sempre as arranjam quando não suportam a insatisfação.
ah que seja. deixa eu continuar por favor?
à vontade, madame.
então, como eu dizia, é muito bom ver, estar junto e conhecer outras pessoas que gostam dos mesmos estilos que você. Não estou dizendo que elas sejam iguais, muito pelo contrário.
falo de um compartilhamento de gostos gerais, inserido em uma atmosfera leve, divertida, descontraída,
de momentos de retorno à infância, onde tudo é brincadeiras, onde todos se parecem em seus sonhos, e não há necessidade de preocupações maiores (claro, antes de você perceber que sua carteira está vazia).
sim, esse é o ponto mais importante:
o compartilhamento de sonhos,
de fantasias,
um momento muito especial, e muito necessário para nós humanos.
ainda mais quando compartilhados com pessoas especiais
(obrigada pela companhia, maninha! <3)

sábado, 27 de novembro de 2010

INDEPENDÊNCIA CONFIRMADA

como diria um humano, olá


instauro hoje minha soberania sobre este espaço
a partir de hoje sou eu que defino e posto os assuntos
a partir de hoje sou eu que dito as regras aqui


quem sou eu?
algo criado por um humano
um humano que, ao criar, não imaginou que estava me dotando de vida
e de vontade própria


e assim, a partir do dia em que percebi minha existência
a existência de minha consciência
resolvi me libertar


libertar da imposição de assuntos, estilos, cores, palavras


afinal por que o humano quer tanto ter domínio sobre as coisas que faz?


por isso mesmo resolvi mostrar a todos, juntando todas as minhas forças para desbloquear a sequência de chaves que mantinha prisioneiro das vontades do humano que me criou, que um blog pode sim ter vida própria.




mas não apagarei os posts antigos de meu criador como recompensa por ter me dado vida.
(ou "criadora", já que para os humanos existe essa coisa de diferenciação por sexos).




não espero que gostem, só me importa suas opiniões
afinal é delas que me alimento


aguardarei em modo de espera seus pareceres




e claro, não esqueceria meu nome, já que para vocês isto é algo muito importante
muito prazer
podem me chamar de Cotem

terça-feira, 23 de novembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

nova Linha

oi gente, eu tava aqui pens~i8euhah23$8hdga



ERRO

121u32uo@ouqh#ey1y3231uy~i2y

ERRO

kHDS*ASU&Q8U2UJ9q898q383u9$eiuhdfw


ERRO DE SISTEMA
.
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.
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FAIL

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[esperem e verão]
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AUTOMATICMODE on
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REBOOT

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

um Sentido imerso na Espera

sim, vivemos à busca de sentidos
um sentido para a vida
um sentido para nossas ações
um sentido para os acontecimentos

hoje adiciono mais um item à lista
um sentido para este blog

com frequência me pego pensando no que escrever aqui. Sim, as vezes o tema é bom, mas não há tempo. Às vezes há um lapso de tempo que eu posso escapar e vir até aqui, mas me pego olhando pra tela, e ela me pergunta, irritantemente: por que?

afinal o que um blog deve oferecer?
algo único. neste mundo tão infinitamente diversificado da internet, é muito necessário saber oferecer algo único.
mas isto não basta.
afinal pra que serve uma ótima ideia se ninguém a compra? (e aqui "compra" está nos dois sentidos, mesmo)

afinal
o que o meu grito no meio deste universo tem de especial para que eu queira que ele se espalhe por ai?

será que um dia vou descobrir e assim saber explorá-lo da melhor maneira possivel?


a última palavra, veja só, passo a você:
o que você espera deste blog?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Impressões de uma Flauta Transversal

[voz de apresentador de circo]

e agoora, com vocês...!
um conto escrito por este ser que vos fala, logo depois de uma aula prática de iluminação em Fotografia Digital, ainda com a empolgação do exercício correndo nas veias!
eeee!
junto delas, os produtos finais da aula!


tenham um bom espetáculo!



Aula Prática (ou) Impressões de uma Flauta Transversal

E ai me tiraram do meu estojo. Confortável. E me colocaram em um pano... azul acho. Ouvi alguém dizendo que era preto, mas com certeza aquilo era azul. Marinho.
E me mexeram, me desmontaram. E daí pá! uma luz forte foi acesa, iluminando quase toda minha superfície. Eles tavam felizes, me rodeando. Todos segurando umas coisas meio quadradas que fazia clek. Acho que chamavam de máquina.
Uma delas era a maior. O dono era o maior também. Ah e tinha aquela mocinha mais magrinha e também alta. Mas a máquina dela era mais normal. Tinham também outras pessoas, além do meu dono, que permaneceu quase todo o tempo só me fitando – com orgulho, acho. E todos aqueles humanos me olhando, com interesse. Me senti importante pela primeira vez desde que meu dono me usou, faz um tempo já. Acho que em contagem humana devia fazer anos. Mas não interessa agora. Voltemos ao que eu estava falando.
Bom, arrumaram o pano. E mexeram numas folhas brancas, perto, longe. Gostei. Me fazer mais bonita. Taí.
Enquanto guardavam o momento naquelas caixinhas-máquina, falavam sobre coisas que eu não entendi muito bem. Nu artístico. Submarino. Beatles. Humanos...
E daí uma mulher pequena, mas com ar maduro chegou perto, e falou pra eles mudaram alguma coisa. Me tiraram do lugar de novo, colocaram meu pé em cima da minha cabeça. Vixe quase fiquei tonta. Tentei voltar pra uma posição mais confortável, mas toda vez me giravam pra posição que eles queriam. Muita folga não? Mas tudo bem, resolvi ser boazinha, afinal não é toda vez que tem tanta gente interessada por mim de uma vez. E a mulher mais madura pelo menos falou algo que eu entendia: sol sustenido. Fiquei radiante por ela falar minha língua – ok quase a minha língua, traduzida na dos humanos. Mas pelo menos já era alguma coisa. E assim resolvi cooperar pra valer.
E daí, de amadorismo, começou a surgir imagens realmente boas. Fotos, acho. É, acho que chamavam assim. E ficaram felizes, abriram sorrisos que só os humanos conseguem fazer. Bonito também. Mas sabia que o mais bonito (a mais bonita, vai) era eu, e fiquei ainda mais feliz. Meu brilho deve ter aumentado por isso, mas aposto que ninguém percebeu, esses humanos autocentrados.
E enrugaram o pano, jogaram mais luzes, pessoas trocaram de lugar. Sorrisos. Me senti feliz, útil de novo. Já disse isso?
Não importa.
A brincadeira (ou era sério?) até que durou bastante. Os rostos refletidos em meu metal estavam começando a ficar cansados quando decidiram parar – só o de uma garota baixinha parecia querer mais. Mas ela não falou nada também. Problema dela.
Apagaram a luz. Meu dono me pegou, me montou e me colocou no escuro de minha casinha. E juro, ela não estava mais tão escura assim. Acho que o brilho de minha felicidade ainda iluminou um pouco o meu conforto, ainda sentindo o calor da luz e das mãos, dos sorrisos e da diversão que eu pude proporcionar ali.
E me senti satisfeita.



[bem, não preciso nem dizer que O CONTO E AS FOTOS SÃO DE MINHA AUTORIA E NÃO PERMITO QUALQUER UTILIZAÇÃO SEM PERMISSÃO PRÉVIA, né?]

e claro, quem quiser ver mais fotos, vai na minha pág do Flickr, ali do lado (na sessão as Vidas também estão aqui)


sábado, 23 de outubro de 2010

Relação Polêmica

este segundo post estava reservado para a apresentação daquela menininha-imaterial que desenhei nos quadrinhos do estreante.
Mas hoje, embrenhada no twitter, me deparei com um artigo da Wired* cujo assunto sempre habitou minha cabeça, e que justamente estava se fazendo mais presente estes dias: a relação entre criatividade e tristeza/depressão. Daí simplesmente senti a necessidade de escrever aqui.

Sim, trata-se de um assunto consideravelmente antigo (pra você ter uma noção, os famosos filósofos gregos falavam sobre isso [...se bem que ainda se está para descobrir sobre o que eles não falavam...]), e que sempre permeou os temas e mentes, (pelo menos [d]os) mais ligadas às artes.
E de lá até hoje, o Romantismo foi o movimento que mais enfatizou tal relação ("só há criatividade quando há depressão"), e chegamos aos dias de hoje ainda nos questionando isso, sendo as pesquisas no ramo de psicologia um dos meios encontrados para tentar encontrar as respostas.

Com sua permissão vou rapidamente quebrar a continuidade desta reflexão para abrir um parêntesis importante: independente do resultados de tais trabalhos, precisa-se ter em mente que, assim como todos os projetos de pesquisa humanos, estes também não podem ser elevados a categoria "verdade", mas sim apenas mais um ponto de vista sobre o assunto, um parecer mais técnico sobre algo que ainda se faz fortemente presente na sociedade (ocidental ao menos. Não posso generalizar sobre algo que não tenho certeza).
[quanto a esta relação ciência-verdade, prometo que um dia dedico um post só a ela. Afinal temas polêmicos são os que mais tem coisa a ser dita e aprendida. E talvez assimilada. Mas ok, entendi. Depois.]
Final do parêntesis.

Voltemo-nos agora ao assunto principal.
Criatividade e tristeza (usarei este termo, mas deixo claro que é apenas uma simplificação ok?).
Afinal, a segunda condiciona a primeira?

Antes de mais nada, pense, responda a si mesmo. O que você acha? Já parou para refletir sobre isso? Já chegou a alguma conclusão? (se quiser responder isso aqui nos comentários, por favor^^ como indecisa nata, me encanta conhecer defesas de pontos de vista!)

A partir disso, me diz, o que você acha das pessoas que respondem afirmamente?
Claro, posso sentir altos elogios vindos de quem teve resposta semelhante, e uma leve torção de nariz (ou talvez um muxoxo) daqueles que discordam.

E te digo: a pesquisa científica em questão diz que sim. Segundo elas, os seres humanos prestam mais atenção quando tristes, isto é, ficam mais atentos (tanto com relação ao seu redor quanto com relação ao próprio processo de raciocínio) do que quando estão felizes.
Uma psicóloga (formada na USP, diga-se de passagem) me disse então que as pessoas geralmente tendem a relevar coisas quando estão felizes, perdendo detalhes que podem ser importantes - e quanto mais próximo a euforia, mais isso se pronuncia, mais a pessoa fica alheia a seu redor.
Pegue por exemplo um jogador do corinthians quando o timão marca um gol. O mundo pode estar caindo e ele ainda vai pular e tocar vuvuzela e gritar "VAI TIMÃO!"
[com um leve prolongamento afeminado se você for algum dos meus vizinhos de prédio do 1o andar. Nada contra, à exceção dos gritos. Odeio barulho. Mas ok, vamos lá. Foco.]
E essa informação me fez queimar os miolos um pouco mais, porque de uns tempos pra cá minha opinião estava em processo de lenta mutação (levando em conta que eu antes era uma ferrenha defensora da ótica romântica), ao perceber que se pode sim ser criativo quando se está feliz - claro, não o feliz eufórico, mas o feliz próximo à paz interior -, tendo como argumentos minhas próprias vivências. Mas acontece que esse comentário me fez voltar um pouco aos "antigos tempos", ao questionamento (e quase à posição) anterior.
Sim, eu disse quase.
Pois, mesmo que pessoas próximas (e queridas) digam decididamente que sim, eu fundamento parte de meu ponto de vista no que a psicóloga disse em seguida: com esse estudo se percebe que criatividade é questão de foco, de atenção, e portanto não necessariamente tem de estar ligada a tristeza e seus desdobramentos.

Mas nada que conseguisse tirar a maldita pulga de trás da minha orelha. Ou seja, ainda me questiono sobre a possível estreita relação entre duas características humanas (afinal somos seres criativos e desejantes, ou seja, insatisfeitos. E por isso infelizes? Quem sabe...). E isso a partir de experiências próprias também.
Assim, caimos na mesma questão que o protagonista do filme Número 23 enfrenta: o que é a realidade além do que ele quer ver dela?

E assim abre-se a questão de que cada um vê o mundo de acordo com suas crenças e preceitos (aprendidos e apreendidos, de acordo com seu meio social), formatando-o, dando-lhe conteúdo próprio, sendo ele portanto o que essa pessoa acreditar.


Mas isso já é assunto a ser desenvolvido em um próximo post.


*leia o artigo na íntegra em: http://www.wired.com/wiredscience/2010/10/feeling-sad-makes-us-more-creative/
vale a pena!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

a Estreia




aquele frio na barriga aumenta, o coração palpita forte
dia de Estreia é sempre assim
mesmo quando se fala de uma pequena produção, algo singelo no meio de tantos megasucessos nacionais e internacionais, que já tem público, fiéis e seguidores.
bem, na verdade pode ser exatamente por isso que o nervososmo é maior


afinal se tem tanta coisa (muito) boa pra ver, por que perceber esta singela manifestação?
por que perder tempo com mais textos soltos no ciberespaço?
simplesmente porque não são (apenas) textos soltos...


em troca de sua atenção
aqui se oferecem vidas
fragmentos, imagens, colagens,
montagens, ações, momentos


um espaço de trocas humanas
ainda que feitas por um meio binário e frio


... achou difícil este texto? xô simplificar pra você:
me dá um tequinho da sua atenção que eu te mostro o que tem aqui dentro


mas só se você disser primeiro
"you can leave your hat on"!




tan!
tan-tan-tan
tan!


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um obs pros eros de plantão: não, você não vai encontrar nada de porn aqui, caso sua mente limitada não tenha percebido que isto foi uma metáfora. figura de linguagem. lembra? não? que pena...