quinta-feira, 28 de abril de 2011

Família

Sentir-se em família é algo raro - tanto que alguns não conseguem isso nem com os próprios parentes.
Por isso, essa experiência tão extraordinária deve ser compartilhada com as pessoas ao redor, durante (claro), e depois de ocorrida. 

Afinal são pouquíssimos os lugares ou situações em que você se sente completo, em paz.
Completo consigo próprio, satisfeito de estar ali.
Completo com os queridos em volta, feliz por compartilhar com eles aquele momento.
É rir de bobagens, e se aprofundar em assuntos comuns em menos de três minutos. É ver todos juntos, cooperando, se apoiando. É perceber que tudo ali é natural, como devia ser.

Porque o que os une é algo muito especial. Podem ser gostos específicos, podem ser planos de vida, ou objetivos a curto prazo. Não importa.
Na verdade nem importam tanto essas intenções. O que mais conta é justamente a troca de momentos, de conhecimento. Humildemente, tudo flui.

É saber-se no seu lugar.
É sentir-se aceito e bem vindo.
É perceber que são esses momentos que tornam tudo o que foi feito até ali valer a pena – e o que vai te dar energias para se dedicar a um momento semelhante ou melhor no futuro.

E qual o ser humano que não deseja ou desejou isso ao menos uma vez na vida?
(quem discordar, que atire a primeira pedra).


E quem de vocês viveu pra valer os momentos assim, tem minha grande admiração e gratidão. E a todos vocês eu sugiro: por favor, quando esses momentos vierem, saibam aproveitá-los de todo o coração. São únicos, ricos, e ficam para a vida toda.

nóis + Fernando, que tá batendo a foto! o//


[post especial escrito a partir da cobertura da Bienal de São José dos Campos em 17/04, primeira viagem minha com a equipe da FANTÁSTICA*] > desculpa a demora... sacumé, prazos, trabalhos, facul...
*quem ainda não conhece a maravilhosa, aqui vai o site (que em breve será atualizado):
e aqui vai o link das fotos do evento no Face da Revista:

enjoy~
(vocês ainda vão ouvir falar muito dela(deles) aqui no tApV o//)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cobertura do encontro cultural no OSAM (Obra Social André Marcel)

Sábado de tarde, calor. Algumas discussões, prática de surf em ônibus. E a alegria sempre ali, no peito, afinal estamos indo para mais um evento!

Desta vez, trata-se de um tipo de encontro cultural no OSAM (Obra Social André Marcel) – um centro espírita voltado a obras sociais -, envolvendo apresentações de dança, capoeira e teatro. Ah sim, esse evento foi organizado justamente para comemorar o sucesso da peça Dois Cumpadi, apresentada pelo grupo de teatro Alendarte, liderados pelo professor Júnior Alves. Turma raríssima, muito gente fina e receptiva. E o interessante é que todos estão ali por paixão, almejando desenvolvimento e crescimento, mesmo que não tenham intenção – ou possibilidade - de se profissionalizar no ramo.

Luiz Quadrio e eu chegamos uma hora e meia antes do início do programa para ajudar nos preparativos, e como sempre digo, essa é a melhor hora para conhecer as pessoas do lugar. E como a vida tem dessas coisas, acabei falando com um garoto desenhista, o André, que faz parte da associação Fusão HQ, conhece o Nanquim Descartável (resenhado aqui), e também tem contato com o Thiago Spyked, que por sua vez conheço de um Anime Dreams passado, e venho mantendo contato atualmente!

Falando em eventos de anime (!!), lá também estava Aline, cosplayer por hobby, que encomenda suas roupas e já encenou algumas vezes nos Friends da vida. E ela estava lá justamente para ajudar no evento com sua roupa de personagem do Pandora Hearts, com uma pitada de Tamaki-sempai (Ouran Host Club) <3

Foi com esses dois que conversamos apaixonadamente sobre animes e preferências, até uma garota (superfofa) se aproximar e nos fazer perceber que estávamos nos aprofundando demais no gueto, e deixando os outros de lado (haha ops).

E como estávamos ali para ajudar, nos levantamos, arregaçamos as mangas, recortamos e colamos desenhos nas paredes, ajudamos a organizar cadeiras e mesas, até varremos chão, todos animados e embalados pela voz potente do professor, ajudando, montando o palco, coordenando o pessoal.

Rápido assim deu seis horas, e os convidados começaram a chegar. Família, amigos. Abraços, conversas. Crianças correndo, adultos comprando guloseimas. O Júnior anunciou em alto e bom som que os ovos e presentes de páscoa estavam à venda e com um bom preço.

Aproximadamente uma hora depois foram todos chamados ao espaço de apresentações, onde o grupo de capoeira, coordenado pelo divertidíssimo Marcel Fernando, fez sua apresentação de uma dança que, segundo ele próprio, era originalmente pra ser feita com facões, mas por alguma razão não foi permitido. Mas que sim, ele gostaria de ver as crianças dançando com as pexeiras. Aham.

Em seguida veio uma dançarina e seu pandeiro nos apresentar sua coreografia que parecia um balé estilizado, a qual, segundo ela, foi baseada na Esmeralda do filme O Corcunda de Notre Dame da Disney, e que demorou seis meses para planejar, ensaiar e apresentar.

Terminados os batuques e a dança, todos voltaram aos comes e bebes, conversas e confraternizações. O Luiz apresentou alguns de seus quadros e desenhos aos interessados que passavam por perto, a Aline modelava para fotos e entretinha os convidados, o Júnior anunciava que os ovos e presentes estavam à venda, e as crianças brincavam entre si.

O espaço do centro, já pequeno, ficou deveras cheio, de pequenos, grandes, novos e velhos. De sorrisos e diversão. De alegria.

A apresentação seguinte foi de duas garotas e seus violões, os quais cantaram Que País é Esse, do Capital Inicial, e Hey Joe, do Rappa, entre outros sucessos nacionais.

E mais andanças, conversas, risadas, fotografias, comilanças. O tempo passa tão rápido nessas horas...
Tão rápido que, quase sem percebermos, já estava na hora da apresentação final, a peça Dois Cumpadi, uma comédia que fala sobre pessoas humildes (homem, mulher e o filho) passando a perna num senhor de terras rico. Eu infelizmente tive que ir embora bem no começo. Snif. (mas o Luiz falou depois que foi muito boa! Disse que o pessoal riu e se divertiu muito! Que ótimo!^^)

Espero que estas poucas palavras consigam, ao menos, traduzir uma pequena parte da energia renovadora, da aura de alegria, leveza e receptividade na qual estávamos. Todos reunidos como uma grande família, nos sentindo extremamente à vontade.

Assim como deve ser.

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Links interessantes:

Mais Fotos: 

enjoy^^

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Resenha: Nanquim Descartável (4)

"As apaixonadas aventuras de Ju e Sandra"


Criação, Roteiro e Edição: Daniel Esteves
Desenhos: Wanderson de Souza, Mário Cau, Júlio Brilha, Fred Hildebrand, Wagner de Souza, Alex Rodrigues, Mário César e Carlos Eduardo.
Impressão: Gráfica Juizforana 
Distribuição: Via Lettera e Quarto Mundo
Páginas: 96
Publicação: 2010



Onde realidade, sentimentos e sonhos se encontram e entrelaçam. 
O resultado? A vida. 




A quarta edição da série vem em formato álbum, com mais uma história completa de Ju, Sandra, Tuba e novos agregados. Desta vez finalmente descobrimos quem é o ex-namorado que atormenta os pensamentos de Ju, e acompanhamos uma importante e estranha conversa que resolverá esse conflito existente desde a primeira edição. Além disso, vemos Sandra viajando para sua cidade natal e também encontrando com um ex-namorado, porém, com resultados bem diferentes do encontro de Ju. Enquanto tudo isso ocorre, Tuba empenha-se em tentar descobrir se já teve alguma paixão na vida. Uma história sobre paixões perdidas, mudanças e passado.
(sinopse retirada de: 


Ao abrir esta revista, nos deparamos com a frase "essa é a história onde nada acontece, mas muita coisa é dita".  
E Daniel Esteves não poderia ter definido melhor sua obra.
Bom, para chegar a este ponto, vamos começar do começo, e é muito justo falar aqui não só da edição 4, mas sim das 4 como um todo (coloquei esta aqui porque assim fica mais fácil de identificar, e porque sinceramente a acho uma das mais marcantes. Mas vamos com calma).

Uma história aparentemente simples no começo: momentos no cotidiano de jovens adultos com seus rolos, problemas, brigas e comédias. Jovens artistas tentando sobreviver em meio à selva urbana paulistana "cinza" - como diz a personagem Ju. 

Na primeira edição tem-se exatamente isto: a apresentação dos personagens e história. Na segunda edição, situações envolvendo-os, alguns questionamentos internos, certos segredos-iceberg mostrando apenas sua pontinha. Sinceramente, interessante, mas nada muito surpreendente - e como foi colocado lá no começo, nem é a intenção do autor. 

Não senti grande empatia pela história nessas duas primeiras leituras porque são o retrato de cotidianos que não fazem parte do meu universo, o que acabou gerando um certo distanciamento (sendo este não muito bom para a fidelização do público - mas repito, por enquanto,  o tal "público" se resume a euzinha).

http://tinyurl.com/44n42xt
No terceiro volume as situações começam a ser melhor explicadas, Daniel começa a revelar mais o íntimo de seus personagens, principalmente de Ju. Foi justamente a partir daí que começou a grande empatia que tenho por esta obra. 
É o salto do particular para o geral, de algo específico pra temas mais abrangentes e mais tocantes. Um marco essencial. Afinal todos convivemos com aqueles pensamentos e sentimentos alguma vez, e portanto nos identificamos com os personagens, criamos laços - o que é, então, o essencial para o sucesso de uma obra. 

(Foi muito interessante porque ao terminar de ler o segundo volume eu estava não tão interessada para começar o terceiro. Mas assim que o fiz, acabei devorando-o, começando em seguida o quarto, e isso em metade do tempo que levei para ler os primeiros.)

http://tinyurl.com/3kmej9b
Assim chegamos ao quarto volume. O maior e mais profundo até agora. Onde passados são revelados, não em forma de flashbacks, mas em forma de sonhos - o que confere à história uma liricidade e uma beleza ímpar. As situações se definem mais, os personagens tornam-se mais próximos, como que confidentes do leitor, pedindo um ombro, um apoio. Ou apenas um pouco de atenção. 

Ah claro, os personagens. Não precisa falar muito mais, já dá pra perceber que são muito bem construídos, cada vez mais palpáveis. E o interessante é que são todos baseados em pessoas reais - assim como as situações.

Outro traço característico notável é a própria pluralidade de traços e pontos de vista, conseguidos a partir da criação de cada capítulo por um artista diferente - tanto dentro da edição quanto de uma a outra. No início, até pode causar certa estranheza, afinal não estamos acostumados com mudanças de estilo às vezes tão bruscas dentro de uma mesma revista, mas logo depois percebemos o quanto isso é rico, uma ótima sacada! - porque o que é a vida além de diferentes traços e pontos de vista que se entrelaçam ao nosso redor?


Nota: 4,5 (recomendadíssimo, poucas restrições*)
*feitas a apenas aqueles que acham que uma obra deve ter ação para se tornar interessante. E para estes, alerto: estão perdendo muita coisa boa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Caminhos da Criação

"Criar", uma palavra que pode ser usada em várias situações, e que possui um significado central em todas: 
cuidar e ajudar no desenvolvimento de algo ou alguém.
Às vezes você apenas dá uma ajuda mais distante, outras vezes você mergulha de cabeça.

Na escrita é a mesma coisa.
E arrisco dizer que existe nessa atividade, para alguns tão necessária quanto respirar, existem ainda mais dois lados: quando a escrita é uma confissão, uma projeção dos sentimentos do autor; e quando a escrita é maior que ele, um mundo a parte onde o autor é um tradutor desse universo.

Gostaria de falar com vocês sobre o segundo caso - pois o primeiro acho que todos temos alguma vez na vida, nem que seja no querido diário da adolescência.
Já o da tradução é algo raro, pelo que eu saiba, e muito - muito! - interessante.

[Foto by Me o//]

Imagine você, caminhando por um lugar conhecido, e de repente se vê numa bifurcação. Qualquer caminho que você tome vai dar em um lugar desconhecido. Sim, você de algum modo sabe que ao final está o ponto que você quer chegar - ou ao menos deseja isso -, mas não sabe como.
Pois bem, você escolhe o da esquerda, e anda. O caminho parece que vai se aprofundando, e formas um tanto desconhecidas aparecem, ficando cada vez mais nítidas, se apresentando; algumas você faz amizade, outras te dão medo, outras ainda passam desapercebidas. E quando percebe, você está tão dentro daquele mundo, tão amigo ou inimigo, lutando e caminhando junto com seus companheiros, que a tarefa mais difícil passa a ser sair de lá.



Mas você ainda tem que chegar em seu objetivo.
Então continua sua jornada, suas lutas, sua cooperação. E sabe, de um jeito ou de outro, que aquilo existe ali, independente da sua vontade; que você está lá como um visitante, e não como um criador.

E de repente, depois de lutas, suor e sentimentos, você finalmente chega ao fim. E comemora. E chora junto. Todos estão ali com você, também dando vivas.
E depois, pouco a pouco, eles vão de dando tchau. 

Mas não um adeus, e sim um até logo, de camaradas já conhecidos, que podem se trombar por aí a qualquer hora do dia e trocar uma ideia. E conversar sobre suas vivências, relembrar acontecidos, reclamar sobre possíveis falhas e esquecimentos.


E acredito que esse seja uma das vivências mais sublimes que um autor pode ter ao escrever algo.

Afinal, como dizem alguns pensadores, a criatividade está fora de nós, e que alguns felizardos conseguem, de tempos em tempos, acessar, entender, traduzir.

O problema é como traduzir.
Mas ao menos por agora, deixemos os problemas de lado.


E você, já se sentiu assim ao escrever algo?  
:3

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[Cotem, que hibernava, acorda e diz:
nunca conseguirei entender esses humanos]