terça-feira, 13 de setembro de 2011

Relatos de uma brasileira espanhola #3


Terceira semana...

Primeiro, esclareçamos o seguinte: número 3 é muito especial porque está sempre por perto, como se guardasse meus passos. Olha só: nasci dia 15, múltiplo de 3, do ano 90, idem, todos os números que me rodeiam – rg, cpf, número de matrícula, número de chamada, número das salas em que estudei... todos tem 3 e múltiplos. No brasil, o número de casa é 33,  o andar 3o, apto, 31; aqui meu andar também é o 3o minhas ids também tem essas ocorrências, esta é a 3a casa em que moro na vida... enfim se fosse falar aqui tudo, gastaria um enorme espaço só nisso. Mas como esta é uma mera introdução, vamos pular detalhes não tão importantes e ir direto ao ponto, à semana de maiores mudanças e surpresas até agora. 

Mas calma, vamos despacito, que devagar se vai longe.

Confesso que segunda feira não tava muito bem, e depois de fazer uns serviços em casa e trabalhar um pouco, e não aguentar mais ficar entre essas quatro paredes, resolvi sair. Descoberta do dia? Na solidão, ver gente é muito bom; ver os grupos, os pais, os filhos, interagindo, passeando, conversando, enfim, ver vidas é muito... reconfortante! Pois é! 
Um pouco mais leve, segui com a caminhada pelo centro antigo de Murcia - que tanto me encanta. Acontece que ali pertinho tem *aquela* loja de mangás e HQs, me chamando para uma visita. Como resistir? 



De olhos brilhantes, segui os poucos passos até lá, entrando e percebendo que não estava sozinha: um grupo de 5 pessoas passeava, animada e interessadamente, de um lado a outro. Na hora me veio a vontade e em seguida, a timidez e a dúvida: puxo assunto ou não? 
Instantaneamente me veio forte a sensação de solidão, junto com a enorme vontade que tinha, desde que vim para cá, de conversar com alguém daqui sobre interesses e paixões comuns. E (ainda bem), isso acabou convencendo a mim e a minha timidez de que aquela era a hora de parar de ficar escondida fazendo fita [Cazuza win x3]. 

Apresentações mais tímidas logo deram lugar a conversas animadas, e de lá, depois de sermos literalmente expulsos pelos donos (já era hora de fechar), fomos até outras partes do centro, caminhando despreocupada e animadamente pela noite murciana. Visitamos uma feira local, jantamos juntos, e só depois, quando estava realmente cansada, voltei pra casa, acompanhada de três deles e de uma sensação ótima: descobri amigos!



Este dia realmente marcou minha semana e minha estadia aqui. Primeiro por superar várias timidezes e conseguir puxar papo com estranhos, segundo por serem pessoas realmente muito interessantes, terceiro por serem meus primeiros amigos nesta realidade espanhola.

A partir desse fato marcante, os dias se sucederam, cada um à sua maneira, cada um com seus horários, compromissos e passeios. Porque sim, a gente saiu no dia seguinte – Gloria, Jose e eu, os três mais otakus do grupo – e eles me apresentaram uma loja ainda maior de HQs e mangás. Surtei em triplo (pra combinar), e fiquei sabendo que o Jose também curte Gravitation UHUHUHU *U*

Na noite seguinte, depois de me divertir com um tipo de parada de costumes, isto é, pessoas com vestimentas tradicionais, dançando, cantando e tocando modinhas também típicas, de vários países da Europa, foi ao encontro de duas outras garotas do grupo, a Tamara e a Belén e mais dois amigos delas, e juntos seguimos a pé bem uns 30 min até uma feira um pouco afastada, que mais parecia uma festa junina misturada com play center. Sério! Imagine: comidas típicas, gincanas, ao lado de brinquedos radicais como loopings, chapeu mexicano e carrinhos de bate bate. E muitas pessoas também, cuja fala era quase encoberta pelo som pouco (muito) alto de várias barracas e brinquedos, competindo pela atenção dos passantes. E digo, com toda a sinceridade do mundo: ainda bem que não ficamos muito tempo por lá, porque isso, aliado ao cansaço do dia, não resulta em algo muito bom. Se bem que foi um momento de nostalgia gostoso (parque de diversões + festa junina = infância), além da companhia das meninas também ser ótima!





Dia seguinte... quarta... ishe o que eu fiz quarta? Ah sim! A Maria Josefa, minha anfitriã, nos levou para minha futura universidade, ensinando caminhos e pontos de ônibus – o que, para uma pessoa pouco perdida como eu, é algo realmente necessário à sobrevivência. E sim, o campus de Espinardo da Universidad de Murcia é lindo, e a minha facul parece um hotel por fora, totalmente reformada, e ao lado da biblioteca! #megusta *U*
O resto do dia, assim como os outros, foi passado com os afazeres domésticos e trabalhos brasileños.

Quinta... e quinta, o que foi? Também trabalhos e afazeres, sim... já que roupa e comida não se fazem (ou se limpam) sozinhas. Tampouco as tarefas intelectuais.

Agora, sexta foi outro dia cheíssimo: de manhã, encontrei a outra brasileira da minha facul, para irmos à reunião na UM com os intercambistas latinoamericanos, distribuição de informes e documentos, e uma descoberta incrível: Manuela vive no mesmo prédio que eu, no andar de baixo!! E a gente nunca tinha se trombado antes!! (nem no Brasil, nem aqui...) hahah imaginem a surpresa das duas quando descobrimos.
Depois, almoço com Manu: saladas típicas em um restaurante da praça Santo Domingo – a do café Martinez e das apresentações típicas -, que nos empanturraram de jeito (a porção daqui é o dobro do que aguentamos x_x), junto ao frozen yourt necessário a tanto calor; em seguida, café Martinez e gravação de papo para a coluna da FANTÁSTICA, e tão logo acabou, fui encontrar meus amigos murcianos para a comemoração do aniversário da Gloria, ao melhor estilo local, ou seja, sair pela noite, jantar junto, conversar bastante, ir a vários bares, e tomar uma coisinha em cada um (programa que eles chamam “la taca”).
No meio da madrugada, já cansados, depois de caminhar muito e nos empanturrar em uma loja de doces – que já fechava -, resolvemos dar adiós e hasta pronto.

Sábado e domingo foram dias de recomposição digestiva e trancafiamento em casa, pelo bem dos trabalhos atrasados. Quer dizer, quase, afinal ninguém é de ferro, e tampouco se pode recusar uma oferta de cervejinha no bar perto de casa, com Manuela, outro garoto brasileiro e seu amigo espanhol, com quem a conversa fluiu, a cerveja secou nas garrafas, e a noite abafada teve seu alento merecido.

E assim se passou a semana, em fatos - porque os detalhes e pequenas descobertas de todo dia vocês já sabem, por twitter ou face né ;3


Comentário final: A cada semana percebo, com mais intensidade, o quão legal é escrever pra vocês por aqui, pois relembro e revivo, sumarizo, organizo as memórias... e percebo que realmente... essa semana foi um Plano de Metas personalizado: 10 semanas em 1! hehe

... e semana que vem? Bom, as festas da cidade terminam, as aulas começam, e dai junto se inicia outra etapa da minha estadia aqui, a de estudante.
Me pergunto como farei pra conciliar tudo. Pensar em deixar de fazer algo? Doloroso demais, e só acontecerá se realmente não tiver mais jeito.
Mas juro que tentarei conciliar tudo, com todas as forças possiveis...


>> Mais fotos aqui >> http://www.flickr.com/photos/maribassi_proladodefora/

2 comentários:

  1. Como está o espanhol? Já consegue entender tudo e se comunicar bem?

    E com a Manuela (e os outros brasileiros) vc se comunica em português ou em espanhol? (pode parecer besta a pergunta, mas é que eu imagino que falar na nossa língua quando se vai pra um outro lugar - apesar de reconfortante - pode ser um desperdício, já que se perde uma oportunidade de aperfeiçoar a língua local).

    Bjos!

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  2. oi feliiipe! saudades!!
    como tão as coisas ai em terras tupiniquins??

    haha sim, já consigo xD ainda solto uns portunholês mas não sei se isso vai melhorar mto mais xP
    aah com a Manuela e os brasileiros eu falo em port née (menos qdo estamos em meio a espanhois)
    sim, é reconfortante. acho que é um jeito de não esquecer nossas origens^^

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