segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Relatos de uma Brasileira Espanhola #4


Quarta semana... um mês em Murcia, um mês na Europa, longe de casa e perto das raízes da família e da civilização ocidental.
Curioso é que já fazem 2 semanas desde a quarta semana, e as lembranças do ocorrido estão todas emaranhadas, cada vez menos distinguíveis, como um macarrão muito mole que gruda um no outro e você não sabe onde termina um fio e começa outro.
E como tudo na vida temos que adaptar às condições que nos são apresentadas, este relato também sofrerá algumas mudanças – que vocês perceberão ao longo do tempo, não acho necessário ficar pontuando aqui.

O que interessa de fato é que as aulas começaram, fiz minha primeira viagem para fora de Murcia, conheci parentes espanhóis, continuo gostando muito dos meus amigos murcianos – mesmo podendo ver eles muito menos agora -, ao passo que vejo quase todo dia a querida amiga e vizinha (brasileira) Manu, ainda estou sem internet em casa (ou será de novo?) e peguei minha primeira virose europeia, fatalmente forte porque desconhecida pelos anticorpos brasileiros.
Vamos por partes.

Podendo me matricular tanto na graduação quanto na licenciatura daqui, acabei optando por uma matéria mais teórica de manhã, e algumas mais práticas à tarde – lembrando que a tarde daqui vai até as 20h. E de todas as aulas que tive até agora, o que mais chamou a atenção, e exatamente um dos pontos que eu mais queria conhecer é o ponto de vista europeu sobre as coisas, principalmente sobre a história. Porque sim, é muito diferente você crescer aprendendo sobre as guerras estando um Atlântico distante, do que aprender estando ao lado, ou até participando delas algumas vezes. Isso muda muito sua concepção de mundo, e até justifica um pouco o nariz empinado da maioria dos europeus – eles são parte dos principais autores da civilização ocidental, e isso meus queridos, não é pouca coisa.

Sobre minha primeira viagem por aqui, o destino foi a província de Valencia, um pouco mais ao norte. Três horas e meia de viagem de ônibus, por estradas de paisagens típicas mediterrâneas, ouvindo um muçulmano conversando indecifravelmente ao celular no banco traseiro, tendo como companheiro de assento um homem negro grandalhão, provavelmente marroqui, e à frente um casal espanhol. Adoro!



Tendo como parada uma estação no meio do caminho e 5 minutos cravados para ir ao banheiro – constatando, com certo alívio por ter conseguido voltar no horário, que o motorista arrancou o carro pouco se importando se todos haviam regressado -, e mais algumas horas de viagem, completou-se a jornada até Valencia, e entramos na cidade que me pareceu à primeira vista um centro urbano, uma metrópole propriamente dita, imediatamente classificando Murcia como cidade do interior.
Na estação, ao descer do ônibus, conheci a prima Cristina e seu filho Mario, e juntos passamos pelo metrô (paixão do pequeno), pela estação de trens, chegando na casa deles em seguida, onde conheci Jesus, o marido e portanto primo também.



Animados, me apresentaram em um dia os museus de arquitetura contemporânea, onde passeamos por toda a tarde, por entre prédios, esculturas e colunas, e experimentei a chamada horchata, uma bebida de um fruto do mesmo nome, com gosto peculiar que lembra vagamente soja.



jantamos em um restaurante ali perto, com direito a pratos típicos e um Mario muito levado.
Dia seguinte foi reservado ao centro velho da cidade, em contraste com a arquitetura arrojada do dia anterior. Ambos encantadores, cada um ao seu estilo, à sua época.



O almoço de despedida foi típico espanhol, batatas com ovo e jamon (um tipo especial de presunto), e dali rumamos direto para a rodoviária, com uma pequena escala em uma das sorveterias mais famosas da região – e com razão! Mesmo estando super satisfeita o sorvete caiu deliciosamente bem.
Corrido, mas muito inspirador, esse final de semana de fuga da província murciana foi o marco da semana, e a razão pela falta de postagem aqui no blog – cheguei de noite aqui, e tendo que fazer muitas coisas, o tempo acabou não cedendo espaço ao meu espaço aqui.

E mesmo tendo pontuado mais coisas que aconteceram, acredito que por enquanto podemos ficar por aqui.
Espero escrever para vocês semana que vem, vamos ver se o tempo, tão implacável quanto instável, permitirá.

Hasta luego!

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