Quarta semana... um mês em Murcia, um mês
na Europa, longe de casa e perto das raízes da família e da civilização
ocidental.
Curioso é que já fazem 2 semanas desde a
quarta semana, e as lembranças do ocorrido estão todas emaranhadas, cada vez
menos distinguíveis, como um macarrão muito mole que gruda um no outro e você
não sabe onde termina um fio e começa outro.
E como tudo na vida temos que adaptar às
condições que nos são apresentadas, este relato também sofrerá algumas mudanças
– que vocês perceberão ao longo do tempo, não acho necessário ficar pontuando
aqui.
O que interessa de fato é que as aulas
começaram, fiz minha primeira viagem para fora de Murcia, conheci parentes
espanhóis, continuo gostando muito dos meus amigos murcianos – mesmo podendo
ver eles muito menos agora -, ao passo que vejo quase todo dia a querida amiga
e vizinha (brasileira) Manu, ainda estou sem internet em casa (ou será de novo?) e peguei minha
primeira virose europeia, fatalmente forte porque desconhecida pelos anticorpos brasileiros.
Vamos por partes.
Podendo me matricular tanto na graduação
quanto na licenciatura daqui, acabei optando por uma matéria mais teórica de
manhã, e algumas mais práticas à tarde – lembrando que a tarde daqui vai até as
20h. E de todas as aulas que tive até agora, o que mais chamou a atenção, e
exatamente um dos pontos que eu mais queria conhecer é o ponto de vista europeu
sobre as coisas, principalmente sobre a história. Porque sim, é muito diferente
você crescer aprendendo sobre as guerras estando um Atlântico distante, do que
aprender estando ao lado, ou até participando delas algumas vezes. Isso muda
muito sua concepção de mundo, e até justifica um pouco o nariz empinado da
maioria dos europeus – eles são parte dos principais autores da civilização
ocidental, e isso meus queridos, não é pouca coisa.
Sobre minha primeira viagem por aqui, o
destino foi a província de Valencia, um pouco mais ao norte. Três horas e meia
de viagem de ônibus, por estradas de paisagens típicas mediterrâneas, ouvindo
um muçulmano conversando indecifravelmente ao celular no banco traseiro, tendo como
companheiro de assento um homem negro grandalhão, provavelmente marroqui, e à
frente um casal espanhol. Adoro!
Tendo como parada uma estação no meio do
caminho e 5 minutos cravados para ir ao banheiro – constatando, com certo
alívio por ter conseguido voltar no horário, que o motorista arrancou o carro
pouco se importando se todos haviam regressado -, e mais algumas horas de
viagem, completou-se a jornada até Valencia, e entramos na cidade que me
pareceu à primeira vista um centro urbano, uma metrópole propriamente dita,
imediatamente classificando Murcia como cidade do interior.
Na estação, ao descer do ônibus, conheci a
prima Cristina e seu filho Mario, e juntos passamos pelo metrô (paixão do
pequeno), pela estação de trens, chegando na casa deles em seguida, onde
conheci Jesus, o marido e portanto primo também.
Animados, me apresentaram em um dia os
museus de arquitetura contemporânea, onde passeamos por toda a tarde, por entre
prédios, esculturas e colunas, e experimentei a chamada horchata, uma bebida de um
fruto do mesmo nome, com gosto peculiar que lembra vagamente soja.
jantamos em um restaurante ali perto, com
direito a pratos típicos e um Mario muito levado.
Dia seguinte foi reservado ao centro velho
da cidade, em contraste com a arquitetura arrojada do dia anterior. Ambos
encantadores, cada um ao seu estilo, à sua época.
O almoço de despedida foi típico espanhol,
batatas com ovo e jamon (um tipo especial de presunto), e dali rumamos direto
para a rodoviária, com uma pequena escala em uma das sorveterias mais famosas
da região – e com razão! Mesmo estando super satisfeita o sorvete caiu
deliciosamente bem.
Corrido, mas muito inspirador, esse final
de semana de fuga da província murciana foi o marco da semana, e a razão pela
falta de postagem aqui no blog – cheguei de noite aqui, e tendo que fazer
muitas coisas, o tempo acabou não cedendo espaço ao meu espaço aqui.
E mesmo tendo pontuado mais coisas que
aconteceram, acredito que por enquanto podemos ficar por aqui.
Espero escrever para vocês semana que vem,
vamos ver se o tempo, tão implacável quanto instável, permitirá.
Hasta luego!
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