Segunda semana...
A primeira sensação que ficou desta segunda
semana foi: passou muito rápido!
Pois é, ao contrário da primeira, que se
passou mais devagar do que era esperado, esta passou vertiginosamente mais
acelerada. Pode ter sido pelas mudanças, pela adaptação... aliás provavelmente
é exatamente isso. Sabe quando você vai por um caminho pela primeira vez, que
parece muito maior do que realmente é, ou quando vê um filme pela primeira vez,
que as cenas parecem muito mais longas do que são? Então é exatamente isso que
aconteceu: o filme da vida estava apresentando tudo novo, e tudo em câmera
lenta para ser melhor apreciado. Agora que grande parte de tudo por aqui já é
mais ou menos conhecido, ele pode voltar à sua rotação normal.
Momento epifania do dia: completo.
Agora vamos aos fatos.
Esta segunda semana começou já com uma
decisão a ser feita: para onde ir. Onde viver. Uma certeza acima de tudo isso:
preciso de uma casa minha, de um espaço só meu. E dentre todos os apartamentos
que consegui visitar – que o dono não rechaçava a minha proposta de aluguel por
seis meses (já que geralmente os contratos são de um ano) -, teve um que se
destacou. Não tanto pela beleza ou imponência, mas sim pelo cheiro e pela aura do
lugar e da pessoa que já vivia ali – e que sim, se chama Maria também xD Foi muito interessante porque quando bati os olhos na Maria Jose (falarei dela
assim por enquanto, para diferenciá-la de minha primeira anfitriã, a Maria
Josefa) senti algo, como um estalo, um reconhecimento: “futura colega de teto”.
E quando entre no apartamento, senti outro estalo: “casa”. O mais incrível foi
o quanto isso foi nítido.
É claro que visitei outros apartamentos –
mesmo porque a Maria Jose também não estava tão interessada na minha proposta
de 6 meses ao princípio, mas depois pareceu aceitar melhor -, e teve um ao final que realmente me colocou em dúvida entre ele e
o previamente gostado, que rendeu uma noite mal dormida e uma tempestade de dúvidas e
incertezas.
Para esfriar a cabeça e conseguir pensar
direito, resolvi sair pela cidade e fotografar alguma coisa bem legal.
Acabei entrando na catedral, um lugar
enorme, imponente, lindo.
Nunca imaginei que ia me emocionar tanto ao ficar ali
– mesmo porque me lembrei de minha mãe e vó, e isso potencializou os efeitos.
Fotografei sim, muito, e andando pelo espaço enorme, acabei me juntando a um grupo
de visita ao museu anexo à catedral, onde ficamos sabendo sobre a origem e
data de algumas peças – coisas desde o século XIV, que é a data da primeira
construção da catedral, até o século XIX e início do XX, período de reformas.
Soubemos que aquele altar imponente não era o original, mas sim um substituto
vindo de Madrid por conta de um incêndio que destruiu grande parte da
construção e seus objetos. Ficamos sabendo também de famílias ricas que patrocinavam
igrejas e pinturas, e ganhavam capelas na catedral; que os sinos tinham vários
timbres para diferentes ocasiões; que a catedral foi construída em cima de uma
mesquita dos primeiros anos depois de Cristo, e muitas outras coisas.
Satisfeita, mais calma e já na hora do
almoço, voltei pra casa, e decidi, e com a decisão veio a paz interior - o que é um
ótimo sinal. Neste dia também encontrei internet 3G para poder acessar
minhas coisas em casa – uma grande comodidade, convenhamos, apesar de muito
cara.
E finalmente, no dia seguinte, me mudei. Maria Jose saíra para estudar na faculdade, me deixando
sozinha e livre pra fazer o que fosse preciso. Carreguei malas e cuias, limpei chão,
banheiro, desci e subi incontáveis vezes por conta de providências e
mantimentos, e no final do dia havia um trapo de Mariana, dolorido e exausto.
Tanto que a noite foi mal dormida. Ainda
bem que foi a única assim - até agora.
Nos dias seguintes fui mais dona de casa do
que turista – apesar de ter saído para experimentar o frozen yogurt daqui, o menor sendo muito maior que os oferecidos no Brasil, mas também mais diluído – e tirar fotos da Praça
Circular.
Falando em praças, não sei se comentei, mas
aqui tem uma praça em cada esquina, literalmente, assim como barzinhos, que completam o visual tipico do centro de Murcia. E só do centro também, pois em minhas outras (poucas) visitações a apartamentos, acabei indo a lugar mais afastado, e
tudo era muito diferente: espaços amplos, avenidas enormes, construções
espaçadas, quase nenhum comércio nas redondezas. Provavelmente é por isso que
dizem – e com razão – que se vive muito mais a cidade e a cultura no centro que
nas redondezas.
Falando em viver a cultura, no final da
semana (sexta de noite) fui ver a Maria Josefa, de quem já sentia saudades,
jantamos juntas, conheci uns amigos, bebemos um pouco (no meu caso bem pouco,
já sei o quão fraca sou pra essas coisas) – descobri que rum aqui se chama ron xD e eu achando que era um tipo de apelido xD -, e iriamos sair, mas acabou miando, e enquanto eu cambaleava de sono até em casa os colegas só começavam seu
esquenta.
Ah sim porque - não sei se comentei -: esta é uma
cidade boêmia. Todos os jovens vivem mais à noite que de dia, fumam e bebem bastante. E é incrível a transformação da cidade nesses esses dois períodos: as luzes, os carros, os sons, as pessoas nas
ruas. Parecem mundos diferentes – e talvez o sejam mesmo.
Depois de ficar o primeiro dia chuvoso
(raro por aqui!) quase todo sentada na frente do pc escrevendo (finalmente *U*) – o que
me fez perceber que só conseguia manter meu peso comendo o dobro em todas as
refeições por conta das caminhadas turísticas e afazeres domésticos. Tradução:
engorda, Mariana! Uahuah – me preparei para sair com a Maria Josefa, mas acabei
indo com a Maria Jose e sua amiga Clara a um festival musical de abertura da
semana de comemoração do aniversário da cidade, chamado Lemon Pop
(a banda que estava tocando naquela hora fazia um som bem sussa - mas nem sei o nome), que logo acabou. Encontramos mais umas amigas, e
fomos a um barzinho perto de casa, ou seja, no centro. Lá tomei minha primeira
cerveja espanhola – na verdade mexicana, a mais fraca, por favor -, e fiquei
sabendo que aqui pessoas tem hábitos passarínicos: comem semente de girassol
como aperitivo xD E é bom xB #megusta
Em seguida a Maria Jose me levou a conhecer várias
baladinhas (literalmente “inhas”, os lugares eram todos uns ovinhos) que haviam por perto,
desde umas de heavy metal impestiadas das mais diferentes fumaças, passando por
umas mais generalizadas, com bilhar e musicas pops, até as gays, onde
ficamos um pouco mais – por conta de grande parte de pequeno grupo ser
“entendido” como dizem aqui. Foi o lugar das coca colas – para contrabalancear
as cervejas – e das musicas animadas e espanholas. É incrível como aqui em
quase todo lugar se ouve muito mais musica nacional do que as modinhas
internacionais #adoro!
E bem, assim chegamos no domingo ensolarado,
onde se acorda tarde e tenta retomar as atividades. Saldo desta semana?
Positivíssimo, adorando cada vez mais esta cidade. Claro que houveram os momentos
de recaída, fraqueza, dúvidas, apreensão, mas que são extremamente necessários
ao nosso crescimento – por mais que na hora não pareçam.
E sim, a Maria Jose é uma pessoa bem sussa também (...quando não contrariada),
e nos damos realmente bem – pelo menos até agora. A comida está saindo cada vez
melhor YEY apesar da minha colega gostar de cozinhar e fazer a maior parte dos
almoços – muito bem por sinal; posso até dizer que esse é um dos motivos dos quilinhos a
mais progressivos.
E semana que vem guarda ainda mais
surpresas: conhecer a faculdade... e que mais?
E quem sabe?
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