sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Resenha: Vaporpunk

"Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades"



Orgs.: Gerson Lodi-Ribeiro e Luis Filipe Silva
Editora: Draco
Páginas: 312
Publicação: 2010



Uma temática, dois países, vários mundos: esta antologia de contos bem trabalhados e detalhados agrada tanto fãs do gênero steampunk quanto novatos curiosos, sedentos por saber desses diferentes passados, ou simplesmente ávidos por uma boa narrativa.






Com força mundial, a estética steampunk vem angariando cada vez mais fãs brasileiros e portugueses. Seu apelo visual e rico conteúdo inspirados no século XIX são o combustível certo para a produção de uma literatura que pode ser intensa, mas também descontraída. Descubra o que oito autores maquinaram nesse intrincado conjunto de engrenagens que é a imaginação.

Com licença, senhor sinopseiro, acho que "descontraída" não é uma boa palavra para definir essa antologia. Intensa sim, complexa sim, e até as vezes pesada. Agora descontraída... talvez em um momento ou outro, mas não é a lembrança mais marcante que essa leitura me deixou.

Bom, antes de mais nada, uma definição vai bem: o gênero steampunk (derivado da ficção científica) engloba narrativas onde há algum desenvolvimento científico precoce nas tecnologias a vapor, possibilitando a utilização de instrumentos que seriam descobertos tempos depois (como a lancha), ou ainda maquinários distintos (como a passarola, uma espécie de dirigível com asas).

Sim, isso é um PC à la steampunk. Style né o// (http://tinyurl.com/3afrf5)
Com isso, já dá pra ter uma ideia do que rola no Vaporpunk, não? Ham, ok, então vamos esclarecer: steampunk + lusófonos = vaporpunk.
entendeu agora? :3

São oito autores - três portugueses e cinco brasileiros -, falando sobre possíveis passados ocorridos em território luso e tupiniquim, e em certas vezes extrapolando para o norte americano e o europeu. 
Cada um possui seu jeito de escrever, mas é uma característica desta seleção como um todo a complexidade das tramas e dos cenários, os temas (polêmicos) abordados, os personagens fortes, as mudanças drásticas no passado. Todos muito interessantes.
Mas...
No início, confesso que fiquei um pouco desmotivada: apesar de serem ricamente detalhados (e até por isso mesmo), as noveletas iniciais são pesadas, parecem não "engrenar" a leitura. Para quem é um pouco impaciente, não é algo (à primeira vista) muito recomendado. Mas a esses, faço um apelo de que tentem e testem sua paciência sim, porque da metade para o final, as histórias permitem um mergulho mais profundo na leitura, onde você acaba sentindo e vivendo os acontecimentos junto com os personagens, e ai meu filho, você só vai dar por si quando chegar na última página e falar "caraca meo!".

Bom, pensei em fazer uma lista de cada noveleta, contando o que achei uma por uma, mas acabei mudando de ideia porque o básico eu já disse, e é sempre bom guardarmos concosco a surpresa que uma história curta pode revelar, pois a alma daquele universo é facilmente estragada caso algum detalhe seja revelado antes da hora. Por isso, vou dizer quase nada, para que vocês leiam e analisem sem (muitos) pré-conceitos particulares. Apenas deixarei a dica de que as quatro últimas noveletas são incríveis, equilibrando muito bem  a criatividade única e reverenciável (de todos os autores ali presentes, fato) com um estilo envolvente, te prendendo do início ao fim da trama, fazendo você continuar a pensar neles mesmo que terminados, construindo outros futuros, inventando novos destinos, ou simplesmente aproveitando a sensação de extasiamento ao terminar de ler um texto de ótima qualidade, que consegue cutucar seus sentimentos e instintos, trazendo-os à tona, e depois deixando-os, quase desamparados, para que você os domine novamente.

Nota: 4,5 (recomendadíssimo, poucas ressalvas)

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